Agricultura digital. Inovações que prometem revolucionar o agronegócio

agricultura digital

O aumento da população mundial gera a necessidade de ampliar significativamente a produção de alimentos nas próximas décadas. Para dar conta dessa demanda, é preciso aumentar a produtividade, desempenho e sustentabilidade, o que só será possível com a agricultura digital e a utilização das novas tecnologias no campo.

A tecnologia vem sendo apontada como o principal fator a estimular o crescimento da agricultura. Segundo o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), no período de 1975 a 2015, 58,4% do crescimento da produção brasileira se deve ao uso de tecnologia, 15,1% a fatores ligados à terra e 15,4% ao trabalho.

O que é a agricultura digital

Agricultura digital é a união entre a agricultura de precisão, a Internet das Coisas, os sites e a conectividade. Também chamada de agricultura 4.0, ela é caracterizada pelo uso intensivo de tecnologias, a automatização de processos e a análise de dados em larga escala na produção.

A agricultura digital utiliza tecnologias de ponta, como softwares de gestão, sistemas autônomos, Big Data, Inteligência Artificial, drones e sensoriamento, para fornecer informações detalhadas sobre cada talhão da fazenda.

Ela envolve dados precisos obtidos a partir de sensores instalados nas lavouras, informações de previsão climática, controle detalhado do uso de insumos, informações de satélites de grande precisão, dados sobre a operação das máquinas, monitoramento de pragas e outras informações importantes para a produção agrícola.

Para que servem os dados do Big Data

O uso de algoritmos e Big Data (a detecção e a análise de grandes volumes de dados) no campo possibilita que se obtenha o máximo de produtividade em cada hectare cultivado e contribui para reduzir a pressão exercida sobre os recursos naturais e o meio ambiente. A geração cada vez maior de dados facilita a tomada de decisões e torna o processo menos intuitivo e mais assertivo.

Os recursos de Big Data também permitem ao agricultor colher e analisar uma quantidade imensa de dados para definir a melhor estratégia de ação. Com base nesses dados, é possível antecipar a ocorrência de doenças e pragas, determinar o volume de defensivo adequado a ser aplicado, administrar melhor os recursos hídricos, entre muitas outras aplicações.

O que significa a Internet das Coisas (IoT)

A Internet das Coisas envolve as tecnologias que conectam os mais diversos aparelhos à Internet. Ela possibilita a conexão entre os nossos mundos fixos e digitais por meio de dados.

A cada dia mais coisas (máquinas, cidades, elementos de infraestrutura, veículos e residências) se conectam à internet para informar a sua situação, receber instruções e até mesmo praticar ações com base nas informações recebidas.

Com as soluções trazidas pela IoT, os agricultores podem, por exemplo, acompanhar a distância o desenvolvimento das suas culturas.

Conheça as possibilidades da agricultura digital

Grandes empresas do setor agrícola, como a Monsanto, vêm investindo na agricultura digital. A Monsanto, por exemplo, criou um banco de dados sobre as lavouras e os agricultores que permite à empresa recomendar aos produtores a melhor época para plantar, a semente adequada e a forma correta de adubação. E o produtor pode acessar todas essas orientações a partir de seu smartphone ou tablet.

Em 2013, a Monsanto comprou a empresa norte-americana Climate por US$ 930 milhões, em 2013, e a trouxe também para o Brasil. A startup iniciou parcerias com empresas locais, como as gaúchas Checkplant e AEGRO e a paulista IBRA Laboratórios.

Entenda o que são as Agtechs

Mas o uso dessas novas tecnologias não se limita apenas às grandes empresas. Um dos aspectos mais interessantes da revolução digital é ter democratizado o acesso à tecnologia pelos pequenos produtores e possibilitado a criação de agtechs.

As agtechs são empresas de tecnologias (chamadas de startups) que desenvolvem soluções para a agricultura. Elas vêm sendo impulsionadas pelo estímulo às incubadores e aceleradoras de negócios e tecnologia, linhas de crédito, instituições de pesquisa e desenvolvimento e pelos estudos realizados nas universidades.

As agtechs usam a tecnologia para levar diferentes soluções ao campo, como aplicativos e sistemas para gestão, produtividade, monitoramento de lavoura, manejo inteligente de irrigação e previsão de safras.

Veja um exemplo de agricultura digital

O software Oryza 2000, desenvolvido pela Embrapa, utiliza simulações de computador e dados de Big Data para avaliar os riscos climáticos, distribuição das chuvas, solo, crescimento e desenvolvimento de plantas, perdas de água para a atmosfera e demanda da lavoura por irrigação. Com essas informações, é possível identificar e avaliar pontos fortes e fracos de forma relacional sobre a produção diante de diferentes cenários e indicar ações preventivas.

Criado originalmente pelo Instituto Nacional de Pesquisa do Arroz, das Filipinas, o software foi adaptado para ser utilizado no Brasil com dados de Big Data sobre os tipos de sementes usados no País, dados climáticos e informações sobre o manejo de lavouras e o crescimento de variedades desenvolvidas pela Embrapa.

Para desenvolver o projeto, foram realizadas simulações com 24 modelos de manejo para cada dia do ano. Por enquanto, o programa vem sendo usado em pesquisas pelos pesquisadores da Embrapa, mas, em um futuro próximo, poderá ajudar os agricultores brasileiros. 

Como vimos, as novas tecnologias utilizadas na agricultura digital já são uma realidade e vão fazer toda a diferença na produtividade alcançada no campo nos próximos anos. Mantenha-se antenado com essas mudanças e faça também parte da revolução digital, que já chegou também ao campo.