Como enfrentar o período de estiagem no campo

Sabemos que a água é um dos elementos básicos para a agricultura, independentemente da produção. Por isso, um período de estiagem ou seca prolongado pode ser um verdadeiro pesadelo na vida do produtor rural. Embora essa seja a realidade de muita gente, há quem aposte em inovações e recursos versáteis para contornar o período de estiagem.

No Brasil, a estiagem afeta principalmente a região do Nordeste, mas não fica restrita a ela. Outras regiões brasileiras também sofrem com a questão, como é o exemplo de algumas faixas do Sudoeste.

A verdade é que a seca não acontece de forma uniforme, podendo ocorrer mais em alguns anos e menos em outros. Quando ocorre, normalmente traz consequências graves para a produção.

Em 2016, a estiagem resultou na perda de 50% da produção rural na Bahia, causando também a morte de 30 mil cabeças de gado. Isso só para citar um exemplo dos seus impactos.

Apesar do quadro assustador, existem iniciativas que podem ajudar o agricultor a lidar melhor com esse cenário. A seguir, acompanhe as nossas 5 dicas especiais e descubra como enfrentar o período de estiagem no campo:

Armazene água da chuva para enfrentar o período de estiagem

Nesse contexto, o abastecimento ao longo do ano se torna uma real necessidade. Desenvolver métodos eficientes de armazenamento da água da chuva, por exemplo, pode ser uma saída interessante.

Para isso, existem algumas opções. A cisterna calçadão e a cisterna enxurrada são duas boas alternativas. Trata-se de dois recipientes de armazenamento de água geralmente enterradas ou construídas em um terreno mais baixo, deixando apenas uma cobertura para fora. Seus compartimentos em andares ajuda também na decantação da água, retirando suas impurezas.

Barragens subterrâneas e poços também são duas alternativas para resolver a questão, reservando a água da chuva para sua utilização durante o período de seca.

Aposte em culturas adaptadas e resistentes

Com a dificuldade de coletar água em certas regiões, alguns produtores começaram a investir em plantar regionais, mais resistentes ou tolerantes aos longos períodos de estiagem. Acerola, sorgo, umbo e caju são alguns exemplos que melhor se adaptam a essas condições.

Com boa produção mesmo em circunstâncias adversas, essas plantas garantem uma boa safra mesmo quando a seca é prolongada.

Promova a rotação de culturas

Outra forma de driblar a estiagem é o esquema de rotação de culturas. Além disso, essa é uma estratégia sustentável: reduz a erosão do solo e eleva a produção, ajudando o agricultor a conviver melhor com períodos de estiagem.

Através da técnica de alternância de plantio de diferentes plantas, aposta-se no cultivo de culturas distintas em um mesmo espaço e determinado período de tempo. Como todos os anos as plantas trocam de área entre si, cada grupo obtém as vantagens herdadas do novo terreno.

A rotação é uma forma inteligente de adequar melhor cada planta às condições apresentadas pelo sistema, promovendo muitos ganhos para a plantação.

Pratique o plantio direto

Com o plantio direto, o produtor rural não faz aração ou gradagem no plantio. Pelo contrário: deixa-se a superfície coberta por resíduos vegetais de palhada ou de plantas vivas.

Como o composto orgânico aplicado sobre o solo tem grande capacidade de reter água, essa estratégia beneficia muito os plantios que passam por frequentes períodos de seca e estiagem. Em regiões de temperaturas elevadas, o índice de transpiração dos vegetais e evaporação da água do solo são bem altos. Isso pode levar a decomposição das raízes e até mesmo morte de microorganismos essenciais.

O plantio direto consegue impedir a elevação excessiva da temperatura do solo, minimizando a evaporação e auxiliando a ação microbiana.

Invista em novas tecnologias e técnicas agrícolas

Muitos já utilizam outras formas de plantio e até soluções tecnológicas para lidar com a estiagem e economizar água.

Como enfrentar o período de estiagem no campo

Existem diferentes formas de aliar tecnologia a um plantio mais saudável. Entre elas, destacamos:

Captação direta no pé

É conhecida também como captação in situ. Envolve a aração do solo em faixas para formação de sulcos. Esses sulcos, dispostos ao longo das faixas de terras altas e largas, compõem o local onde as plantas são cultivadas. Com essa técnica, a água da chuva é captada e armazenada nos sulcos, reduzindo bastante a necessidade de irrigação.

Hidroponia

Através da hidroponia, pode-se investir em cultivos sem a utilização de terra. Normalmente utilizado no plantio de hortaliças, o sistema mantém o vegetal suspenso em uma estufa e imerso em uma solução nutritiva diluída em apenas poucos litros de água.

Para termos uma ideia, cada pé de alface demanda somente 3 litros de água durante todo o seu ciclo de produção. Além da economia, essa água ainda pode ser reaproveitada. A hidroponia garante até 85% de economia no final das contas.

Agricultura de Precisão

Por fim, a agricultura de precisão traz a tecnologia da informação para potencializar a produção agrícola. Resumidamente, diversos sistemas de hardware e software são utilizados junto às máquinas do campo para coletar e analisar dados do solo e clima.

Essa alternativa possibilita a automatização das etapas de produção. Promove-se o melhor planejamento do plantio e aplicação de pulverizadores e adubos, entre muitas outras atividades.